22 de janeiro de 2015

Ensinando ao seu filho ou a sua filha a perpetuar um comportamento de agressor ou de vítima

Violência contra a mulher!

Quando ouvimos uma notícia como ouvi há pouco, de uma menina linda, no esplendor da juventude assassinada pelo ex-namorado nos consternamos, ficamos chocados e acusamos: “Ele foi um monstro!”
Mas isso me incomoda... 
Quem criou esse monstro? Pariu esse animal? Alimentou-o? Ensinou-o a andar?  Quem o ensinou que mulher é inferior? Quem o ensinou que  mãe tem obrigação de fazer-lhe todas as vontades? Que a mulher é sua propriedade? Que namorada é posse? Quem o ensinou que ele tem o direito de agredir, de ferir de matar?
A resposta é simples e cruel: quem ensinou tudo isso a ele foi um HOMEM MACHISTA e uma MULHER vitimizada.
Quem o ensinou foi uma mãe
que o fez pensar ser a criatura mais importante,
atendeu todas as suas birras e bateções de pé...
foi baixando a sua voz para a de seu filho a medida que ele ia crescendo...
Foi uma mulher oprimida pelo pai, que viu no casamento sua possibilidade de liberdade.
Mas foi novamente oprimida, inferiorizada...
Uma mulher que ensinou que seu filho poderia sair com quem quisesse – era o pegador.
Ensinou a filha a se preservar, se guardar para não se tornar uma galinha.
Ensinou à filha todos os afazeres domésticos: passar, cozinhar e “servir” ao pai, ao irmão, aos homens.
Ensinou ao filho que os afazeres da casa não eram responsabilidade dele.
Ensinou ao filho que sua casa e sua mulher eram sua propriedade.
MAS NÃO CULPEMOS ESSAS MULHERES.
Elas repetem o que aprenderem. Não têm forças físicas ou psicológicas para lutar contra uma cultura estabelecida. Não acham que estejam agindo errado. Não acham que o MACHISMO seja errado: SEMPRE FOI ASSIM.
Mas nós, mães, não podemos aceitar isso, não DEVEMOS perpetuar essas barbaridades.
Não é fácil. Aprendemos isso. Nossos irmãos não tinham as mesmas responsabilidades que nós. Podiam andar livremente pela cidade em qualquer horário. Usar a roupa que quisessem. Conversar livremente com todos.
Ouvíamos nossa mãe se esmerar para fazer a comida preferida de nosso pai. Ficar quieta para não incomodá-lo... Ah! Se ele perdesse a paciência... Ouvimos de nossas avós que tínhamos que “servir” o marido. Víamos primeiro essas cenas diariamente e com o tempo passou a ser nossa função (das filhas): tirar os calçados do pai, levar a toalha para o banheiro, deixar a roupa preparada sob a cama, fazer o chimarrão, arrumar a mesa e servir a janta, lavar a louça... Nossos irmãos... Ainda nem estavam em casa... E quando eles chegassem o ritual era o mesmo... As meninas serviam...
Víamos nossos pais serem grosseiros com nossas mães, chamarem todas as mulheres de vagabundas, galinhas e outros adjetivos do gênero.
Víamos nossas mães...
 serem agredidas com palavras...
levarem tapas no rosto... serem puxadas pelos cabelos...
serem cortadas, esfaqueadas, apredrejadas...
serem violentadas...
serem mortas...
E, nós, filhas, perpetuamos tudo isso... Ficamos quietas, omitimos, escondemos, não denunciamos...
Não podemos continuar criando e ensinando nossos filhos a serem MACHISTAS e nossas filhas A CALAREM.
A violência contra a MULHER – MÃE – FILHA acontece em todos os momentos e em todas as classes sociais... É só acompanhar os noticiários...
E a violência velada? Continua acontecendo cotidianamente... Como se fosse normal...
Nesse exato momento há, em algum lugar, um homem agredindo uma mulher...

Ensinando ao seu filho ou a sua filha a perpetuar um comportamento de agressor ou de vítima. 

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