Violência contra a
mulher!
Quando ouvimos uma notícia como ouvi há pouco, de
uma menina linda, no esplendor da juventude assassinada pelo ex-namorado nos
consternamos, ficamos chocados e acusamos: “Ele foi um monstro!”
Mas isso me incomoda...
Quem criou esse monstro? Pariu esse
animal? Alimentou-o? Ensinou-o a andar? Quem
o ensinou que mulher é inferior? Quem o ensinou que mãe tem obrigação de fazer-lhe todas as
vontades? Que a mulher é sua propriedade? Que namorada é posse? Quem o ensinou
que ele tem o direito de agredir, de ferir de matar?
A resposta é simples e cruel: quem ensinou tudo isso a ele foi
um HOMEM MACHISTA e uma MULHER vitimizada.
Quem o ensinou foi uma mãe
que o fez pensar ser a criatura mais importante,
atendeu todas as suas birras e bateções de pé...
foi baixando a sua voz para a de seu filho a medida que ele ia
crescendo...
Foi uma mulher oprimida pelo pai, que viu no casamento sua
possibilidade de liberdade.
Mas foi novamente oprimida, inferiorizada...
Uma mulher que ensinou que seu filho poderia sair com quem
quisesse – era o pegador.
Ensinou a filha a se preservar, se guardar para não se
tornar uma galinha.
Ensinou à filha todos os afazeres domésticos: passar,
cozinhar e “servir” ao pai, ao irmão, aos homens.
Ensinou ao filho que os afazeres da casa não eram
responsabilidade dele.
Ensinou ao filho que sua casa e sua mulher eram sua
propriedade.
MAS NÃO CULPEMOS ESSAS MULHERES.
Elas repetem o que aprenderem. Não têm forças físicas ou
psicológicas para lutar contra uma cultura estabelecida. Não acham que estejam
agindo errado. Não acham que o MACHISMO seja errado: SEMPRE FOI ASSIM.
Mas nós, mães, não podemos aceitar isso, não DEVEMOS
perpetuar essas barbaridades.
Não é fácil. Aprendemos isso. Nossos irmãos não tinham as
mesmas responsabilidades que nós. Podiam andar livremente pela cidade em
qualquer horário. Usar a roupa que quisessem. Conversar livremente com todos.
Ouvíamos nossa mãe se esmerar para fazer a comida preferida
de nosso pai. Ficar quieta para não incomodá-lo... Ah! Se ele perdesse a
paciência... Ouvimos de nossas avós que tínhamos que “servir” o marido. Víamos primeiro
essas cenas diariamente e com o tempo passou a ser nossa função (das filhas): tirar
os calçados do pai, levar a toalha para o banheiro, deixar a roupa preparada
sob a cama, fazer o chimarrão, arrumar a mesa e servir a janta, lavar a
louça... Nossos irmãos... Ainda nem estavam em casa... E quando eles chegassem o
ritual era o mesmo... As meninas serviam...
Víamos nossos pais serem grosseiros com nossas mães,
chamarem todas as mulheres de vagabundas, galinhas e outros adjetivos do
gênero.
Víamos nossas mães...
serem agredidas com
palavras...
levarem tapas no rosto... serem puxadas pelos cabelos...
serem cortadas, esfaqueadas, apredrejadas...
serem violentadas...
serem mortas...
E, nós, filhas, perpetuamos tudo isso... Ficamos quietas, omitimos,
escondemos, não denunciamos...
Não podemos continuar criando e ensinando nossos filhos a
serem MACHISTAS e nossas filhas A CALAREM.
A violência contra a MULHER – MÃE – FILHA acontece em todos
os momentos e em todas as classes sociais... É só acompanhar os noticiários...
E a violência velada? Continua acontecendo cotidianamente...
Como se fosse normal...
Nesse exato momento há, em algum lugar, um homem agredindo uma
mulher...
Ensinando ao seu filho ou a sua filha a perpetuar um
comportamento de agressor ou de vítima.
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