21 de dezembro de 2016
Hoje estou um pouco Clarice Lispector: "Eu não sou tão triste assim, é que hoje estou cansada"
O ano de 2016 foi uma correria. Nos últimos dias tenho andado triste. Acredito ser a percepção de ver cada tarefa findando; final do semestre, etapas cumpridas, objetivos alcançados (outros não). Metas e mais metas e a louca logística necessária para administrar uma família com dois filhos, doutorado, a consultoria da Natura e viver...
Não sei se a sensação é realmente de tristeza ou de cansaço.
Levanto todos os dias para fazer ginástica ou caminhar. contudo, ultimamente tenho tido vontade de ficar um pouco mais na cama. E tenho ficado, não aqueles cinco minutos a mais como ocorria em muitos dias, mas um bom tempo a mais. Fico com um pouco de culpa, é claro. Mas logo passa... Tamanho cansaço.
Meu cansaço tem a ver com o lado profissional também. As incertezas das políticas públicas educacionais têm contribuído para me deixar estafada. Conquistas de anos ruindo... Direitos conquistados sendo destruídos. Um golpe atrás do outro.
Não é fácil perceber o campo minado em que está o atual sistema educacional. E as perspectivas para maus filhos? Meus alunos? E os filhos dos outros?
O cansaço também vem da incapacidade de acomodação. É impossível ver um papel de bala jogado ao chão e não juntá-lo e colocá-lo no lixo. Ver uma injustiça sendo praticada e ficar inerte.
Tenho dito o que penso. Tenho me exposto. Algumas vezes compreendida, outras vezes desrespeitada, mas como não indignar-se frente a tanta injustiças?
Como ficar calada?
Fazer cara de paisagem não dá! Não consigo!
Mais indignada tenho ficado, pois os avanços parecem retroceder.
Parece que minha voz tem se perdido no tempo.
Perdemos um tempo precioso com discussões inúteis, com coisas fúteis e com pessoas (des)necessárias em nossa vida.
Desnecessárias porque parecem não agregar nada em nossa vida. Mas necessárias para que possamos percebê-las como o que não queremos ser, o que não queremos pensar e de como não queremos agir.
A frase "ABSTRAI E FINGE DEMÊNCIA" tem sido muito útil.
Há coisas, fatos, pessoas e situações que precisamos aprender a nos distanciar.
Há sofrimentos que podem ser evitados.
O cansaço e a tristeza é a luta que nós, mulheres, travamos todos os dias.
é um tal de ser forte, ser inteligente, ser isso ou aquilo.
É uma auto cobrança quase doentia.
Não nos foi ensinado a ficar vendo a vida passar.
Eu fui ensinada a ser protagonista de minha própria vida, mas isso tem um preço.
Uma carga pesada demais a carregar.
E, apesar de difícil, por vezes é necessário que cochilemos para despertar novas ideias, recarregar as forças. Agregar energia.
Mas ainda ando cansada!
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