30 de maio de 2017

Invisibilidades e apagamentos: a (não) presença de mulheres escritoras nas antologias literárias



Invisibilidades e apagamentos: a (não) presença de mulheres escritoras nas antologias literárias

Minha proposta é inscrever mais uma questão na problemática da invisibilidade das mulheres na História da Literatura Brasileira: os conteúdos do ensino secundarista de 1890 a 1965.
A Antologia Nacional de Carlos de Laet e Fausto Barreto foi um dos materiais didáticos mais utilizados no país. Da 1ª edição, em 1895 até a 43ª, em 1965, não houve a publicação de excertos de escritoras. Assim, as mulheres não participaram do currículo das principais escolas do país. Encontramos um contraponto: a Antologia da Língua Portuguesa de Estevão Cruz que, inclui Júlia Lopes de Almeida, Júlia Cortines...

Ratifico assim mais uma vertente de apagamentos da produção intelectual de mulheres, pois as classes sociais representadas pelos homens detinham o capital, o direito à escolarização e ao conhecimento, como afirma Anne McClintock em Couro Imperial – Raça, gênero e sexualidade no embate colonial: “O progresso histórico é naturalizado como uma família que evoluí, ao passo que as mulheres, na qualidade de atores históricos, são negadas e relegadas ao reino da natureza”. Desse modo, na aprendizagem escolar as mulheres não foram consideradas autoras, tampouco reconhecidas e quando representadas, na poesia e na prosa, foram tipificadas e estereotipadas em contextos machistas e preconceituosos. Procurarei ilustrar essa invisibilidade e essas representações no corpus das antologias que selecionei.  

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