Invisibilidades
e apagamentos: a (não) presença de mulheres escritoras nas antologias
literárias
Minha proposta é
inscrever mais uma questão na problemática da invisibilidade das mulheres na
História da Literatura Brasileira: os conteúdos do ensino secundarista de 1890
a 1965.
A Antologia Nacional de Carlos de Laet e Fausto Barreto foi um dos
materiais didáticos mais utilizados no país. Da 1ª edição, em 1895 até a 43ª,
em 1965, não houve a publicação de excertos de escritoras. Assim, as mulheres não
participaram do currículo das principais escolas do país. Encontramos um
contraponto: a Antologia da Língua
Portuguesa de Estevão Cruz que, inclui Júlia Lopes de Almeida, Júlia
Cortines...
Ratifico assim mais uma
vertente de apagamentos da produção intelectual de mulheres, pois as classes
sociais representadas pelos homens detinham o capital, o direito à
escolarização e ao conhecimento, como afirma Anne McClintock em Couro Imperial – Raça, gênero e sexualidade
no embate colonial: “O progresso histórico é naturalizado como uma família que
evoluí, ao passo que as mulheres, na qualidade de atores históricos, são
negadas e relegadas ao reino da natureza”. Desse modo, na aprendizagem escolar as
mulheres não foram consideradas autoras, tampouco reconhecidas e quando
representadas, na poesia e na prosa, foram tipificadas e estereotipadas em
contextos machistas e preconceituosos. Procurarei ilustrar essa invisibilidade
e essas representações no corpus das antologias que selecionei.
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