19 de setembro de 2014

História da disciplina Português na escola brasileira (Leonor Lopes Fávero)

História da disciplina Português na escola brasileira (Leonor Lopes Fávero)
A autora aborda como se configurava o ensino do Português no Brasil (especificamente o secundário) da colônia a primeira república.
Em 1456 foi fundada em Évora a primeira escola portuguesa que ensinava gramática.
A primeira base escolar no Brasil foi o ensino jesuítico atrelado à política colonizadora, tendo como público os índios e os filhos de colonos (em 1534 foi fundada a Companhia de Jesus).
As primeiras gramáticas de Língua Portuguesa foram e as primeiras “Cartinhas” (catecismos para aprender a ler) foram criadas em meados do século XVI.
Nesse período havia no Brasil 1175 línguas no Brasil e 5 milhões de índios. Hoje existem cerca de 180 línguas e em torno de 250000 a 500000 índios. Destacando que ao longo da costa brasileira falava-se o Tupinambá.
Da alfabetização, passava-se ao ensino da gramática latina, da retórica e da poética. Os colégios jesuíticos foram também formadores da elite colonial, proporcionando instrução aos descendentes dos colonizadores. Aos índios somente a catequese (p. 15). O ensino pós-jesuítico – os jesuítas foram expulsos após quase dois séculos de “sistema de ensino”. Coube então ao Norte e ao Nordeste a elaboração dos primeiros textos de orientação para o ensino elementar.
Em 1758 se impôs “a obrigatoriedade” do ensino de Língua Portuguesa. O documento aprovado pelo rei em 17 de agosto de 1758 que normatiza o ensino de Língua Portuguesa. Já o Alvará Régio (1759) cria aulas régias de latim, grego e retórica (Marques de Pombal).
A Carta Primeira do Verdadeiro Método (1746) dizia “gramática é a arte de falar e escrever corretamente (...)”. O Diretório estabeleceu escolas diferenciadas para meninas e para meninos. Nas escolas femininas o contar foi substituído por fiar, fazer renda, costurar e “todos os mais mistérios próprios daquele sexo”.
O estado deveria pagar os professores, mas alegavam que não tinham dinheiro, portanto, ser professor era trabalhar “voluntariamente”.
Em 1759,  realizaram-se na Bahia concursos para as cadeiras de Latim e Retórica. Haviam então os professores da terra e os que vinham de fora (estes melhor remunerados). Sem ter professores para atender a demanda as autoridades recrutaram elementos do clero e outros que soubessem alguma coisa.
Os livros utilizados eram:
·         No ensino elementar – as Cartinhas – catecismos
·         Nos estudos secundários – bibliotecas
·         No ensino de LP (gramática e retórica) continuavam a serem utilizadas as gramáticas de João de Barros e de Argote. A partir de 1770 torna-se oficial a gramática de Antônio José dos Reis Lobato, introduz-se o ensino da gramática do Português ao lado da gramática Latina, mantendo-se a Retórica.
A autora aponta que em 1834 com o Ato Adicional são criados os liceus provinciais que consistiam na prática de aulas avulsas reunidas em um mesmo prédio. Destaca também que o colégio secundarista Dom Pedro II, situado no Rio de Janeiro e destinado a elite, por isso seguia o modelo francês de ensino. Portanto, para atender a essa clientela que já dominava a norma culta, era mais importante o latim e a retórica ao invés da gramática geral e nacional.
Somente em 1856 foram propostos e aprovados pela primeira vez os programas de ensino para a disciplina Gramática Geral e Nacional. Em 1857, um novo decreto altera a disciplina para Português que contempla em seu programa: gramática, leitura, recitação e exercícios ortográficos.
Na parte que intitulada “A República e a Educação”  salienta o surgimento da Escola Nova e as primeiras tentativas de erradicação do analfabetismo, bem como, de valorização da língua nacional.
Em meados do século XIX o positivismo chega ao Brasil e para essa corrente representada por Pereira Barreto ensinar letras, era perder tempo.
No período de 1898 a 1925 o ensino do Português sofre vários cortes em sua carga horária. Somente a partir de 1925 a carga horária da disciplina volta a crescer, sendo também a Literatura Brasileira incorporada e passa a ser ensinada  a partir da 6ª série.

O currículo do Colégio Pedro II é oficializado e passa a servir de modelo ao restante do país, adota gramáticas escritas por brasileiros e organiza Seleções Literárias (substituídas mais tarde pela antologia Nacional). 

Fonte: REVISTA DIADORIM. História da disciplina Português na escola brasileira de Leonor Lopes Fávero. Disponível em: <http://www.revistadiadorim.letras.ufrj.br/index.php/revistadiadorim/article/view/110>. Acesso em: 10 ago. 2014. 

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