Ao ler a reportagem
Infantolatria - as consequências de deixar a crianca ser o centro da familia
algumas reflexões vieram à tona.
Sou professora há 12 anos e uma das muitas observações que tenho feito nos últimos tempos é a tirania dos filhos e filhas.
Sei que não é fácil ser pai e mãe, tenho filhos também.
Sei bem como é estar dos dois lados como mãe, cuja função é educar e como professora cuja função deveria ser ensinar.
Digo deveria ser ensinar, pois não há como se eximir da educação das crianças e adolescentes quando os pais falham em casa - por falta ou por excesso.
Temos que ter um meio termo, ter equilíbrio.
Mas o que mais me preocupa, é que os pais e mães não têm ideia do quanto suas atitudes ou a falta delas prejudicam seus filhos.
Prejudicam a capacidade de socialização, de interação, de terem amigos ou de serem amigos.
São crianças e adolescentes tão cheios de si, se acham tão superiores que impelem os demais colegas a se aproximarem.
Os adolescentes são muito cruéis. Muitos casos de bullying acontecem justamente por essas crianças terem atitudes egoistas, de soberba ou de humilhar os demais colegas, estes se "juntam" e "atacam".
O ataque não é físico. É o de isolar o/a adolescente do grupo. Quando os questionamos a resposta é: "Ele/ela se acha". É a expressão que traduz que o adolescente está sendo "punido" por sua postura de superioridade, de arrogância, Ele/ela se acha uma estrela. E os colegas "apagam" o brilho.
Quem estiver lendo, talvez se sinta horrorizado.
Mas é o preço que as crianças "criadas como estrelas" pagam ao viverem em um grupo. São isoladas, ridularizadas, principalmente porque frequentemente têm ataques de estrelismo. Batem o pé, fazem birra, não aceitam as regras da escola.
Os pais delegam a educação dos filhos para outros.
Certa vez, no portão da escola de um dos meus filhos.
Uma menina chega à escola como se estivesse indo a uma festa. Sem nenhuma peça do uniforme - ítem obrigatório. A mãe chega para a professora e diz:
- Né, tia Fulana que tem que vir de uniforme? Se não não pode entrar?
A professora constrangida responde:
- Sim...
A mãe, eufórica, olha para a filha e diz:
- Viu! A mamãe disse que você tinha que vir de uniforme. A tia não vai deixar você entrar amanhã.
Fiquei rosa-choque com a situação.
Imaginei essa menina na escola.
Ou pior ainda... Sendo minha aluna.
Fiquei estarrecida, pois a menina nem tinha dois anos.
Vale a leitura:
As birras na adolescência.
10 fatos que os pais devem saber sobre o cérebro dos adolescentes
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