
Hoje retornando da Universidade percebi a movimentação de um grupo de pessoas próximo ao terminal central de ônibus.
Aquelas pessoas estavam agrupadas por onde eu deveria passar.
Reduzi os passos para verificar do que se tratava aquela aglomeração, em sua maioria, formada por mulheres.
Estranhei a tristeza das mulheres, algumas choravam.
Intrigada, lancei um olhar mais atento e percebi do que se tratava. Era um grupo de mães divulgando o desaparecimento de seus filhos. Alguns há pouco tempo e outros desaparecidos há décadas.
Parei!
Como não se emocionar... Como não chorar com elas... Como ficar indiferente a dor delas.
Uma delas carregava um cartaz: Enterrei meu filho vivo. Uma metáfora para representar sua tristeza.
Mais a frente um pedaço de pano colocado no chão com alguns objetos, fotos e frases carinhosas.
Estes objetos eram brinquedos, roupas, calçados ou outros objetos que representassem seus filhos e filhas desaparecidos.
Dentre todos aqueles objetos, destacava-se um par de sapatilhas cor de rosa, bem usadas, pelo tamanho do calçado imaginei que quem a usasse deveria ter por volta de 4 a 5 anos e junto a elas um bilhete com a seguinte inscrição:
AINDA ESPERO A SUA VOLTA.
Confesso que chorei. Foi inevitável. Tenho um filho com 4 anos e imediatamente a dor daquela mãe tornou-se minha...
Como viver esperando que a filha retornasse?
Como acordar de manhã - faça chuva ou faça sol - e ter a certeza de que será um bom dia?
Quando será realmente o grande dia?
Ao mesmo tempo a angústia da espera do dia que reencontrará a filha está o medo. E se não a encontrar viva?
Misturam-se a saudade da filha, a angústia da perda, o medo do reencontro, a impossibilidade de viver plenamente...
Ver aquelas mães chorando me afetou profundamente.
Fiquei comovida, mas foi o sofrimento delas que me fez perceber e conhecer um pouco das crianças que para a maioria das pessoas e, inclusive para mim, eram só uma estatística, apenas um número ou uma foto na embalagem de leite ou na sacola do supermercado.
Hoje é o Dia Internacional da Criança Desaparecida.
Para a maioria daquelas mães, hoje foi só mais um dia...
Mais um dia de espera...
Mais um dia de saudades...
Mais um dia de voltar para casa sozinhas...
No Brasil,em média, uma pessoa desaparece a cada 11 minutos. 141 por dia e cerca de 51703 mil casos registrados em delegacias de polícia - dados coletados no ano de 2011.
Fonte: http://www.icomfloripa.org.br/icom/gafad/
Em Santa Catarina há o Grupo de Apoio aos Familiares de Desaparecidos (GEDAF) com uma página no Facebook que apoia essas familias que perderam alguém. Sob o slogam "MORTOS SEM SEPULTURA" o GEDAF procura trocar informações para facilitar na localização dessas pessoas desaparecidas.
Há também o Cadastro Nacional de Desaparecidos, no qual, estão cadastrados as pessoas que estão desaparecidas no país. É um número muito grande de desaparecidos.
E a nós, pais, cabe sempre ficar alerta e orientar nosso filhos sobre o risco que correm. No site "Crianças Desaparecidas há dicas para auxiliar os pais no cuidado de seus filhos.
Fiz algumas pesquisas para adicionar mais informações a este post e confesso, estou me sentindo mal com tantas informações, casos e imagens chocantes.
Antes de ver e conversar com aqueles mulheres que esperavam - e ainda esperam - pela volta de seus filhos e filhas os desaparecimentos eram somente fotos, sempre me pareceram uma realidade muito distante. Mas, não!

Livro: "Mortos sem sepultura" de Marcos Roberto Claudino.
Fonte: http://www.pm.sc.gov.br/desaparecidos/
Compartilho também o caso de Eliceia. Ela é uma das crianças cuja mãe ainda a espera...
Fonte: http://www.desaparecidosdobrasil.org/casos/eliceiasilveira
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