5 de dezembro de 2016

"A lenda do espírito de Condá"

As lendas indígenas oriundas das mais diversas tribos e espalhadas por todos os cantos do Brasil nos trazem muitas narrativas que remetem a própria constituição do país enquanto nação. Há os mitos fundadores importantes para explicar o inexplicável.
Normalmente, temos lido muitas lendas de regiões mais distantes, contudo o estado de Santa Catarina era (é) povoado por algumas tribos. Do litoral ao extremo oeste e de norte a sul.
Nessa última semana, devido à tragédia que ocorreu com a queda do avião com o time da Chapecoense, ouvimos falar muito do nome do estádio -Índio Condá. Mas quem foi o índio Condá?
O blog "blog433" de Igor Varejano apresenta a lenda:

"A lenda do espírito de Condá

Reza a lenda que um dia o sol se escondeu em meio as nuvens. 
Os pássaros cantaram um canto lamurioso. 
Os bichos da Mata não saíram para caçar, nem para se alimentar. 
Nem o vento fazia seu tradicional uivo por entre as copas das árvores. 
Tudo era lamentação e respeito motivados pela morte do filho do sol, 
do amigo dos pássaros, protetor dos bichos da mata. 

Esse era Condá. Um garoto de 43 anos. Garoto. Pois possuía a face jovial 
de um adolescente. Como se estivesse descobrindo a vida ainda. 
Diferente dos outros garotos, não foi concebido e amamentado por mulher. 
Foi concebido por uma onça, e amamentado por uma anta. 
A floresta era sua mãe e seu pai. 
Pai e mãe que ele detinha o amor mais profundo e verdadeiro. 

Condá era um índio faceiro. Daqueles que viviam livre 
por entre os cantos e refúgios da mata.
 Não era como os outros aborígenes. Não pertencia a uma tribo. 
Era símbolo de todas as tribos. Como um membro emérito de todas. 
Respeitado por todas. Amado, amado e amado por todas. 
Tinha em seu cocar as cores Verde e Branco, símbolo maior de sua força. 
possuía um arco e uma flecha, com o qual 
ele espalhava a justiça entre as tribos. 
Era o símbolo maior de justiça entre os povos indígenas. 
Por ter a admiração de todos, conseguia manter a ordem 
por entre as ocas e ninhos. 
Entre animais e gente. 

No entanto, algo chamava a atenção de Condá de uma forma diferente. 
Sempre no final da tarde, o jovem-velho homem subia em uma palmeira e 
ficava impressionado, abismado, olhando os pássaros. 
Para ele, nada era mais lindo, 
nada era mais completo quanto o voo de um pássaro. 
Ele assobiava, sorria e cantarolava
 para os pássaros, como se suplicasse para que seus braços 
fossem substituídos por asas. 
E seus pelos por penas. Queria fazer parte de uma revoada, 
sentir-se infinito pelos céus do mundo inteiro. 
Mostrar para todos os povos do mundo sua forma de unificar. 

Aos poucos, sua justiça e imparcialidade chamavam a atenção dos Deuses. 
De todos os Deuses, de todas as religiões. 
Sua forma pacífica e carismática de conquistar admiração dos bichos 
tal qual dos homens trazia uma vontade dos Deuses 
de chamar Condá para os céus, 
a fim de trazer uma União sobre todos os povos do mundo. 
E assim, o Deus de Condá o chamou. E Disse:

- Ó Filho das matas, prole da onça protetora e alimentado 
pela anta símbolo de sua gente, 
amigo dos Tuius e primo dos bichos caçadores,  
os céus clamam por sua vinda, 
pois demonstra habilidade única de unificar os povos, 
sua presença aqui é mais que necessária. 
Suba o mais rápido possível na mais alta Palmeira da floresta, 
para se encontrar com os céus. 

Espantado, Condá correu o mais rápido que pôde até 
a palmeira mais alta que conhecia. 
E começou a subir, subir, subir. Até que quando chegou
 no ponto mais alto da árvore, 
de uma vez só a árvore sumiu. Desesperado, o Filho de onça 
começou a queda livre,
 rumo ao chão, rumo a morte. Foi então que 
seus braços sumiram também, 
e duas asas gigantes tomaram seu lugar. Sua pele começou a sair, 
a descamar, 
sendo substituída por penas. Condá então virou um pássaro gigante. 
E voou até o céu, para se encontrar com os deuses. 

O sol se escondeu. Os pássaros não voaram. 
Os bichos da mata não caçaram. 
Mas todos os animais e os humanos sabiam que
 o espirito de Condá povoava seu coração. 
O espírito de justiça. O espírito de União. 
Condá partiu como símbolo da unificação dos povos.
 Todo ser vivo da terra, a partir desse dia, 
carrega consigo o espírito de Condá."

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