27 de outubro de 2014

Reflexões sobre "a terra do nunca"

Reflexões sobre as "reflexões... 
Recorte de pensamentos de quem vive em um pequeno burgo.
A política traz à tona muitas leituras possíveis, eis a minha. Mas não é uma leitura distanciada.
É a leitura de uma narradora onisciente. Ora personagem, ora espectadora.

"Estou no momento indignada a respeito e a despeito de muitos comentários sobre algumas políticas públicas vigentes em nosso país.
Não sou partidária deste ou daquele partido, vejo as coisas de uma maneira clara e objetiva. Percebi muitas falas desarticuladas, incoerentes, preconceituosas e hostis.
1. Não entendo tanto cinismo com o Pronatec partindo justamente de pessoas com pouca ou nenhuma qualificação profissional. O que vejo por aqui são cursos atendendo a demanda das mais diversas áreas, da prestação de serviço à construção naval, dos profissionais do comércio aos artesãos etc. Vejo um programa que visa qualificar mão de obra para as mais diversas áreas dando, principalmente, para pessoas de baixa renda. Muitos destes "baixa renda" venderam suas terras no oeste e extremo oeste catarinense e vieram à capital em busca de uma vida melhor e, por aqui, sujeitaram-se às condições e aos trabalhos que conseguiram devido a sua pouca escolaridade. E por que muitas dessas pessoas tiveram que deixar sua terra, sua cidade? Quais as políticas locais para manter os jovens no campo? E as políticas de emprego? E quais os cursos de qualificação que a cidade tem??? E por que não os têm?
2. Falando mal das "bolsas" e é de conhecimento público que muitos munícipes estudaram em universidades privadas usufruindo do PROUNI, ARTIGO 170 ou 171 - (via apadrinhamento político) e uma "contribuição" da prefeitura municipal para o transporte. Criticando ainda as cotas para negros e estudantes oriundos de escola pública. Vangloriam-se de "mérito próprio" ou ainda pior, alguns sim, foram estudantes outros meros "alunos". Tiveram a sorte de pais que "trabalharam arduamente" para dar-lhes a "oportunidade" de estudar. Quantos dai da cidade conseguirão fazer uma Universidade Pública com os pais bancando as despesas? Ou com bolsa da CAPES, CNPQ, PIBID etc ou ainda fazer parte do Ciências sem fronteiras? Quantos dai foram contemplados através de acordos internacionais ou de colaboração internacional e foram fazer estágios na Alemanha, Canadá, EUA, Inglaterra etc ou ainda serão? Quantos conseguiram/conseguirão fazer Mestrado ou Doutorado também com auxílio de Bolsas? 
3. Falar mal de famílias que recebem o "Bolsa família" e reclamar para pagar R$ 30,00 para uma faxineira e ainda as fazem trabalhar mais do que 4 horas diárias, sem qualquer tipo de garantia trabalhista. Com um discurso: "Você tem sorte de trabalhar comigo, eu sou uma pessoa muito boa". Usar a ingenuidade de pessoas menos instruídas em benefício próprio com ameaças veladas, chantagem política... Que democracia é essa? Ai mesmo na cidade há muitas pessoas que recebem o bolsa família? TEM SIM. Será que a recebem por que realmente não "querem trabalhar"? Quais as políticas implantadas no governo da família TAL e da família DE TAL para que essas famílias tivessem condições dignas de viver, sem depender da "esmola" do governo federal? Em que o seu partido contribui ou fez efetivamente pra mudar isso?
4. Falar de corrupção em outras instâncias e esquecer que quando das eleições municipais "pedem aos seus funcionários" que votem em candidato B ou C sem nenhuma "ameaça". Ou ainda quando o seu partido está no governo, a prefeitura somente fará aquisições dos comerciantes do mesmo partido. Assim, obrigando muitas empresas a mudarem de cidade por puro boicote político. 
5. E o piso salarial dos professores da Rede Municipal? E as aplicações das verbas do FNDE?
6. E acordo do ajuste de conduta entre prefeito XIS e Ministério público por ter mais funcionários contratados do que efetivos?
7. A "prefeitura" descontou o IPESC dos funcionários e não fez o repasse ao órgão devido. Mais tarde o funcionário que se aposentasse teria que pagar NOVAMENTE a contribuição. Prefeito XIS foi multado por demitir funcionários após a eleição. 
8. Em épocas de eleições saem com os "descamisados", fazem cara de nojo antes de apertar a mão ou entrar na casa de muita gente. Distribuem cestas básicas e outros "favores" em troca de voto. Ameaçam que alguém da família pode perder o emprego. Cumprimentam as pessoas com "modéstia e educação". Pagam suas contas em dia.
9. Muitos não sabem o que é realmente ser pobre, ter que engolir o amor-próprio por míseros trocados, por roupa ou comida. Ter que ouvir um discurso inflamado de que está "ganhando" uma oportunidade. Ser ameaçado, coagido e ter que jogar muita sujeira para baixo do tapete. Ouvir discursos e práticas incoerentes. Ser humilhado por filhos e filhas alheios que acham que são mais do que outras pessoas. Ver familiares se sujeitarem a muitas coisas por "que sempre foi assim", "aqui é assim". Afinal, ser pobre é se comportar assim. Não significa que ser pobre é não ter consciência do que acontece ao seu redor. Ah! Se tivesse Bolsa Família!
10. Se não tive melhores oportunidades foi porque meus pais não trabalharam o suficiente? Essa é uma regra que pode ser generalizada?
11. Ver e ler posts de adolescentes de tão revolucionários que são "mal conseguem organizar seu próprio quarto". Tão alienados e inconsequentes que acham que "jogar uma bomba" resolve uma situação. Adolescentes que são sustentados pelos pais e estufam o peito pra dizer que lutaram muito pra conseguir as coisas. E os pais que não conseguem dar isso aos filhos? Foram incompetentes? Trabalharam pouco? Será que seu filho(a) está tem as mesmas oportunidades que outras crianças têm? Em uma cidade pequena não vemos tanta distinção no sistema educacional, pois há uma única escola que atende "pobres" e "ricos". Isso é um dos pontos muito importantes. Concordo com Cristovam Buarque quando diz que o sistema educacional brasileiro evoluirá e muito quando os políticos forem obrigados a colocar seus filhos estudando em escola pública.
12. Alguns sugaram e ainda sugam a máquina pública municipal e fazem um discurso de MUDANÇA. Que mudança? Pra quem?
13. Quem sou eu pra falar? Ninguém! Ou alguém que presenciou muito de tudo isso. Mas são apenas reflexões-indignações de sobre muitos discursos inflamados e práticas incoerentes de conhecimento público."

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