Um mesmo acontecimento recebe diferentes interpretações pelos meios de comunicação.
Observe as manchetes e compare o sentido que cada veículo de informação quer transmitir:
a) UOL
Vítima de estupro coletivo, menina ficou uma hora em poder de 5 criminosos, diz delegada.
b) Pragmatismo Político
Menina de 12 anos é vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro. O crime foi filmado pelos estupradores e as imagens estão sendo compartilhadas. Delegada descreveu o vídeo como ‘grotesco’, ‘hediondo’ e ‘nefasto’. Polícia ainda não identificou os criminosos
c) EL PAÍSPolícia do Rio investiga estupro coletivo de menina de 12 anos postado no Facebook
Vídeo de abuso, no qual participaram ao menos cinco, foi achado por tia da menina, que fez denúncia
d) Extra Globo
Suspeitos de estupro coletivo são identificados; vítima é ouvida em hospital
e) REVISTA CLAUDIA
Mãe entrega filho suspeito de participar de estupro coletivo
Analiso as reportagens, pois por vezes, a linguagem utilizada "atenua" o sentido do que se quis dizer. É o caso da reportagem da Revista Claudia que destaca o (bom) caráter da mãe de um dos 4 ou 5 garotos/jovens/homens envolvidos que leva o filho à delegacia. O ato da mãe (não desqualificando sua dor) recebe mais relevância que à menina que sofreu a violência. Veja no fragmento a seguir:
Contudo, ao falar da vítima temos a impressão que há um certo eufemismo na frase dita pela delegada. Parece minimizar as consequências da violência.
Seria um comentário infeliz?
Uma palavra empregada com um sentido mais brando?
Sim, porque não consigo sentir a violência sexual como só um susto. É muito mais do que isso. Acho que a palavra SUSTO não chega nem perto do que uma vítima realmente sente.
Seria então machismo implícito?
Má redação?
Ou compadecer-se mais com a dor da mãe do que da vítima?
Temos que pensar sobre, pois as palavras que usamos no dia a dia podem minimizar culpas, atenuar dores e reduzir as violências diárias a "sustos".
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