O poeta aprendiz
Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés
Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina
Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo
E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar
Amava era amar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser
A primeira versão de O poeta aprendiz foi escrita por Vinicius de Moraes em 1958, em Montevidéu, e incluída no livro Para viver um grande amor, de 1962. Anos depois, o poema viraria canção, na parceria com Toquinho. Agora, volta num livro-disco idealizado por Adriana Calcanhotto, que interpreta a música e assina as ilustrações.
A história da canção é curiosa. Toquinho começou a musicar um trecho do poema na Itália, em 1968, sem contar a Vinicius. Depois de trabalhar algum tempo na adaptação, viu-se diante de uma dificuldade que o impedia de continuar e acabou por revelar a idéia ao parceiro. Vinicius se entusiasmou com a idéia, e a canção foi finalmente gravada pela dupla em 1971.
O livro-disco foi concebido por Calcanhotto como um presente para Nina, afilhada da cantora e bisneta de Vinicius. Os versos falam de um menino que sonha em ser poeta e descrevem o universo infantil de forma bem humorada. A linguagem rica e divertida é ressaltada pelo glossário desta edição, que além de explicar algumas palavras chama a atenção para curiosidades do poema.
O disco que acompanha a edição tem três faixas: a interpretação de Adriana Calcanhotto, o próprio Vinicius lendo o poema e um caraoquê (uma faixa apenas com a música) para que o ouvinte possa experimentar o prazer de interpretar a canção.
Mais informações em:
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/190114EE_Vinicius.pdf
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