"O ensino da Língua Portuguesa na Educação Básica deve proporcionar
aos/às estudantes experiências que ampliem suas ações de linguagem,
contribuindo para o desenvolvimento do letramento, entendido
como uma condição que permite ler e escrever em diversas situações
pessoais, sociais e escolares.
O letramento, pensado na sua condição
plural, envolve práticas culturais diferenciadas, conforme os contextos
em que elas ocorrem. Dessa forma, o letramento escolar dialoga
com um conjunto diversificado de práticas de leitura, de escrita e de
oralidade.
A meta do trabalho com a Língua Portuguesa, ao longo da
Educação Básica, é a de que crianças, adolescentes, jovens e adultos
aprendam a ler e desenvolvam a escuta, construindo sentidos coerentes
para textos orais e escritos; e a escrever e a falar, produzindo
textos adequados a situações de interação diversas, apropriando-se
de conhecimentos linguísticos relevantes para a vida em sociedade.
A variedade de composição dos textos que articulam o verbal, o visual,
o gestual, o sonoro, o tátil, que constituem o que se denomina multimodalidade
de linguagens, deve também ser considerada nas práticas
de letramento.
A escola precisa, assim, comprometer-se com essa variedade
de linguagens que se apresenta na TV, nos meios digitais, na
imprensa, em livros didáticos e de literatura e outros suportes, tomando-as
objetos de estudo a que os estudantes têm direito. As crianças,
adolescentes e jovens, mesmo os que ainda não dispõem de acesso a
novas tecnologias da informação e comunicação, encontram-se imersos
em práticas nas quais são utilizados computadores, caixas-eletrônicos, celulares, entre outros suportes, cujos usos exigem conhecimentos
próprios, inclusive para criticá-los. Por julgar os letramentos digital
e midiático relevantes para a cidadania e para a atuação crítica na
vida social, eles são considerados na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) como direitos a serem assegurados em vários objetivos de
aprendizagem, não apenas do componente Língua Portuguesa, mas
também dos demais componentes curriculares.
A adoção do tema Culturas
digitais e computação como integrador dos componentes curriculares
da Educação Básica reforça esta perspectiva.
A base comum para os currículos de Língua Portuguesa, aqui apresentada,
dialoga com a perspectiva discursiva da linguagem, já apontada
em outros documentos, como os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs), para os quais “a linguagem é uma forma de ação interindividual
orientada para uma finalidade específica; um processo de interlocução
que se realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade,
nos distintos momentos de sua história” (BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília, 1997, p. 23).
Os enunciados ou textos são produzidos em uma situação de enunciação, determinada por condições históricas e sociais, por meio de discursos
que instauram relações de poder. O aprendizado da leitura, da
escrita e da oralidade culta envolve a compreensão dessas situações.
Uma criança, um adolescente ou um jovem podem, por exemplo, compreender
um discurso publicitário ou político, percebendo intenções
em apelos e tentativas de convencimento, em torno de produtos ou
ideias. Em outros níveis de aprofundamento sobre enunciados/textos,
espera-se que os/as estudantes reconheçam, em gêneros da esfera
jornalística, por exemplo, quem diz o quê e porquê e, também, como
são usadas posições de autoridade na formação de opinião. Graças a
essa perspectiva sobre o aprendizado da Língua Portuguesa, o tema
Economia, educação financeira e sustentabilidade está presente em
vários objetivos de aprendizagem que vão além desses exemplos, ganhando
destaque na BNCC.
A Base Nacional Comum Curricular, na sua qualidade de referência
para a elaboração de propostas curriculares, apresenta um diálogo
estreito com concepções já possivelmente disseminadas em contextos
de formação de professores/as e conhecidas no ambiente escolar.
Conceitos como discurso e gêneros textuais/discursivos, por exemplo,
que fundamentam a organização deste documento, vêm sendo discutidos
e aprofundados, pelos estudos linguísticos e também pela apropriação
desses estudos no campo educacional, ao longo das últimas
décadas.
Em continuidade ao que foi proposto pelos PCNs, o texto
ganha centralidade na organização dos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento do componente Língua Portuguesa. Esses objetivos,
estruturados a partir dos eixos leitura, escrita e oralidade, também propostos
nos PCNs, referem-se aos diversos gêneros textuais/discursivos
em esferas sociais de seu uso, reconhecendo a natureza dinâmica,
múltipla e variável da Língua Portuguesa. Para que os/as estudantes
também tenham a possibilidade de perceber como a Língua se estrutura,
varia e atende a múltiplas intenções e propósitos, sendo capazes
de ter uma atitude criativa em relação a essa Língua, faz-se necessário
que, aliado ao estudo dos usos da língua em situações de leitura, escrita
e oralidade, apresentem-se, também, objetivos de aprendizagem
e desenvolvimento relacionados ao conhecimento das normas que regem
a Língua Portuguesa.
A proposta de Língua Portuguesa que aqui se apresenta dialoga com
um conjunto de documentos e orientações oficiais – como os Parâmetros
e as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
e para o Ensino Médio –, com contribuições da pesquisa acadêmica
e de currículos estaduais e municipais, para reafirmar fundamentos
caros ao ensino da Língua Portuguesa na escola básica que, ao longo
de quase três décadas, têm se comprometido com o desenvolvimento
de capacidades de uso da língua.
Esse projeto, já em curso, assumiu a
centralidade do texto nas práticas de linguagem e possibilitou grande
avanço em relação ao nosso conhecimento sobre como desenvolver
capacidades de leitura, escrita e oralidade na escola. Trata-se, também,
de projeto coerente com as finalidades da Educação Básica, segundo
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: “A educação
básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”
(LDBEN nº 9394/96, art. 22º).
A ESTRUTURA DO COMPONENTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA
No componente Língua Portuguesa, o gênero/texto ganha centralidade
e se vincula a campos de atuação social: do cotidiano, literário, político-cidadão,
investigativo. É em função desses campos de atuação
que os gêneros textuais/discursivos foram escolhidos.
Na BNCC, a organização das práticas de linguagem (leitura, escrita,
oralidade) por campos de atuação aponta para a importância da contextualização
do conhecimento escolar, para a ideia de que essas prá-
ticas derivam de situações da vida social e, ao mesmo tempo, precisam
ser situadas em contextos significativos para os/as estudantes. A escolha
de alguns campos específicos, no conjunto maior de práticas de
letramento, deu-se por se entender que eles contemplam dimensões
formativas importantes de uso da escrita na escola para a garantia
dos direitos de aprendizagem que fundamentam a BNCC, anunciados
na Introdução deste documento: uma formação para a atuação em atividades
do dia-a-dia, no espaço familiar, escolar, cultural; uma formação que contempla a produção do conhecimento e a pesquisa; uma
formação para o exercício da cidadania, que envolve, por exemplo, a
condição de se inteirar dos fatos do mundo e opinar sobre eles; uma
formação estética, na experiência de leitura e escrita do texto literário.
As fronteiras entre os campos de atuação são tênues, ou seja, reconhece-se
que alguns gêneros listados em um determinado campo de
atuação podem também estar referenciados a outros, existindo trânsito
entre esses campos. Práticas de leitura, escrita e oralidade do campo
do cotidiano, por exemplo, podem muito bem levar ao exercício
da cidadania ou à apreciação estética. Compreende-se, então, que a
divisão por campos de atuação tem, no componente Língua Portuguesa,
uma função didática, pois, além de levar à compreensão de que
os textos circulam dinamicamente na prática escolar e na vida social,
contribui para a necessária organização dos saberes sobre a língua,
nos tempos e espaços da escola. São apresentados, a seguir, os campos
de atuação em que se organizam as práticas de leitura, escrita e
oralidade da Base Nacional Comum Curricular de Língua Portuguesa.
■ Campo da vida cotidiana – campo de atuação que diz
respeito à participação em situações de leitura/escuta,
produção oral/sinalizada/escrita, próprias de atividades
vivenciadas cotidianamente por crianças, adolescentes,
jovens e adultos, no espaço doméstico/familiar, escolar,
cultural, profissional.
■ Campo literário – campo de atuação que diz respeito à
participação em situações de leitura/escuta, produção
oral/sinalizada/escrita, na criação e fruição de produções
literárias, representativas da diversidade cultural e
linguística, que favoreçam experiências estéticas.
■ Campo político-cidadão – campo de atuação que diz
respeito à participação em situações de leitura/escuta,
produção oral/sinalizada/escrita, especialmente de textos
das esferas jornalística, publicitária, política, jurídica e
reivindicatória, contemplando temas que impactam a
cidadania e o exercício de direitos.
■ Campo investigativo – campo de atuação que diz
respeito à participação em situações de leitura/
escuta, produção oral/sinalizada/escrita de textos
que possibilitem conhecer os gêneros expositivos e
argumentativos, a linguagem e as práticas relacionadas
ao estudo, à pesquisa e à divulgação científica,
favorecendo a aprendizagem dentro e fora da escola.
Esses campos de atuação têm diferentes papeis no currículo, a depender
do nível de escolaridade.
No Ensino Fundamental, os objetivos de
aprendizagem consideram as especificidades dos estudantes e das
estudantes de cada fase – Anos Iniciais e Finais – e os conhecimentos
de que já dispõem, cumprindo a função de ampliar as esferas de atuação dos estudantes por meio das práticas de leitura, escrita e oralidade/sinalização.
Dialogam com os quatro eixos de formação da etapa
- Letramentos e capacidade de aprender, Leitura do mundo natural
e social, Ética e pensamento crítico, Solidariedade e sociabilidade –
ao promover essa ampliação.
As novas tecnologias de informação e comunicação vêm incorporadas
aos campos de atuação, abarcando múltiplos usos que delas fazem
crianças, adolescentes e jovens, reconhecendo-se a necessidade de
atenção especial a esse campo, na escola, como fator de inclusão no
mundo digital.
Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de Língua Portuguesa
estão organizados em quatro eixos: leitura, escrita, oralidade e conhecimento
sobre a língua e sobre a norma padrão, que contribuem
para desenvolver o letramento em todas as áreas do conhecimento.
O alcance desses objetivos permite que o/a estudante interaja em situações
de leitura, escrita, escuta e fala.
As práticas de linguagem são
formas de atuação social, por meio das quais os sujeitos interagem
entre si e convivem no mundo social. A atuação social pode ocorrer
tanto de forma transformadora (quando repensamos as estruturas e
as desigualdades sociais que se dão pela linguagem), quanto de forma
reprodutora (quando repetimos ações de forma acrítica). Daí a importância
de situar os discursos, evidenciando a não neutralidade das
nossas escolhas, quando escrevemos ou falamos.
O EIXO LEITURA
compreende as práticas de linguagem que decorrem
do encontro do leitor com o texto escrito e de sua interpretação, sendo
exemplos as leituras para fruição estética de obras literárias; para a
pesquisa e embasamento de trabalhos acadêmicos; para a realização
de um procedimento; para o conhecimento e o debate sobre temas
sociais relevantes. As modalidades de leitura, em voz alta ou de forma
silenciosa, também irão ocorrer no espaço escolar, conforme o seu objetivo,
considerando que a leitura é uma prática social.
O tratamento
das práticas leitoras compreende dimensões interligadas nas práticas
de uso e reflexão, tais como:
1) a compreensão dos gêneros lidos, com reflexões sobre os projetos
de dizer implicados (leitor e leitura previstos) e os contextos de circulação
(autoria, época, esferas, intertextualidade, interdiscurso, ideologias,
dentre outros aspectos);
2) o reconhecimento da polifonia, identificando-se as vozes presentes
nos textos;
3) as reflexões críticas relativas às temáticas tratadas nos textos;
4) a compreensão de gêneros diversos, considerando-se os efeitos de
sentido provocados pelo uso de recursos de linguagem verbal e multimodal;
5) a ampliação do vocabulário, a partir da leitura de gêneros diversos
e do contato com obras de referência (dicionários, por exemplo);
6) o desenvolvimento de habilidades e estratégias de leitura necessárias
à compreensão de um conjunto variado de gêneros (antecipar
sentidos, ativar conhecimentos prévios, localizar informações explícitas,
elaborar inferências, apreender sentidos globais do texto, reconhecer
tema, estabelecer relações de intertextualidade etc.).
O EIXO DA ESCRITA
compreende as práticas de linguagem relacionadas
à interação e à autoria do texto escrito que tem por finalidades,
por exemplo, expressar a posição em um artigo de opinião, escrever
um bilhete, relatar uma experiência vivida, registrar rotinas escolares,
regras e combinados, registrar e analisar fatos do cotidiano em uma
crônica, descrever uma pesquisa em um relatório, registrar ações e
decisões de uma reunião em uma ata, dentre outros. O tratamento das
práticas de escrita compreende dimensões interligadas nas práticas
de uso e reflexão, tais como:
1) a reflexão sobre as situações sociais em que se escrevem textos,
a valorização da escrita e a ampliação dos conhecimentos sobre as
práticas de linguagem nas quais a escrita está presente;
2) a análise de gêneros em termos das situações nas quais são produzidos
e dos enunciadores envolvidos;
3) a reflexão sobre aspectos sociodiscursivos, temáticos, composicionais
e estilísticos dos gêneros a serem produzidos;
4) o desenvolvimento de estratégias de planejamento, revisão, reescrita
e avaliação de textos, considerando-se sua adequação aos
contextos em que foram produzidos e o uso da variedade linguística
apropriada a esse contexto, os enunciadores envolvidos, o gênero, o
suporte, a esfera de circulação e a variedade linguística que se deva/
queira acatar;
5) a utilização da reescrita como uma prática indispensável ao desenvolvimento
da produção textual escrita;
6) a reflexão sobre os recursos linguísticos e multimodais empregados
nos textos, considerando-se as convenções da escrita e as estratégias
discursivas planejadas em função das finalidades pretendidas;
7) o desenvolvimento da autoria, como um conhecimento proveniente
da reflexão sobre a própria experiência de produção de textos, em
variados gêneros e em diversas situações de produção.
O EIXO DA ORALIDADE/SINALIZAÇÃO
compreende as práticas de
linguagem que ocorrem em situação oral ou de sinalização – no caso
dos estudantes e das estudantes surdos/as, oralizados/as ou não, que
têm na LIBRAS sua primeira língua – com ou sem contato face a face
como, por exemplo, aula dialogada, recados gravados, seminário, debate,
apresentação de programa de rádio, entrevista, declamação de
poemas, contação de histórias, dentre outras. Todas essas práticas
podem se dar por meio da oralidade ou da sinalização em Libras.
O
tratamento das práticas orais compreende:
1) a produção de gêneros orais, considerando-se aspectos relativos ao
planejamento, à produção e à avaliação das práticas realizadas em
situações de interação sociais específicas;
2) a compreensão de gêneros orais, que envolve o exercício da escuta
ativa, voltado tanto para questões relativas ao contexto de produção
dos textos, quanto para a observação das estratégias discursivas e
dos recursos linguísticos mobilizados;
3) as relações entre fala e escrita, levando-se em conta o modo como
as duas modalidades se articulam nas práticas de linguagem, as semelhanças
e as diferenças entre modos de falar e de registrar o escrito
e os aspectos sociodiscursivos, composicionais e linguísticos;
4) a oralização do texto escrito, considerando-se as situações sociais
em que tal tipo de atividade acontece e os aspectos envolvidos, como
as entonações de voz, movimentos do corpo, dentre outros;
5) as tradições orais e seus gêneros, considerando-se as práticas sociais
em que tais textos surgem e se perpetuam, bem como os sentidos
que geram.
Se uma face do aprendizado da Língua Portuguesa decorre da efetiva
atuação do/a estudante em práticas de linguagem de três tipos (oralidade,
leitura e escrita), situadas em campos de atuação específicos, a
outra face provém da reflexão sobre a própria experiência de realização dessas práticas. Temos aí, portanto, o eixo do conhecimento sobre
a língua e sobre a norma padrão, que se desenvolve transversalmente
aos três eixos – leitura, escrita e oralidade – e envolve análise textual,
discursiva, gramatical e lexical.
O EIXO CONHECIMENTO SOBRE A LÍNGUA E SOBRE A NORMA
reúne objetivos de aprendizagem sobre conhecimentos gramaticais,
em uma perspectiva funcional, regras e convenções de usos formais
da língua que darão suporte aos eixos da leitura, escrita e oralidade.
Os objetivos abarcam, entre outros aspectos: o sistema alfabético de
escrita, conhecimentos sobre a “gramática” da língua, ou seja, sobre
as regras que explicam o seu funcionamento, conhecimentos sobre a
norma padrão e algumas de suas convenções. A abordagem de categorias
gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas,
morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência,
ortografia, pontuação, acentuação) deve vir a serviço da atividade de
produção escrita e leitura de textos.
Quando se menciona a experimentação de linguagem feita pelo/a estudante
e a consequente reflexão sobre essa experiência, faz-se referência
à articulação recursiva entre “uso e reflexão”, uma formulação
teórica cara aos debates sobre ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa,
presente desde a década de 80 do século passado. Foram
selecionados, portanto, objetivos relacionados a conhecimentos linguísticos
que possam favorecer a reflexão sobre os usos da língua, em
uma perspectiva que considere as variações e a apropriação crítica da
norma padrão.
Na Base Nacional Comum Curricular são propostos objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento relacionados ao eixo conhecimentos
sobre a língua e sobre a norma de diversas maneiras, a depender
da etapa de escolarização.
Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental esses objetivos estão presentes,
nos três primeiros anos, entre aqueles que se referem à apropriação
do sistema alfabético de escrita e no eixo escrita, relacionados
à produção e revisão textuais; no 4º e 5º anos esses objetivos estão
presentes no eixo escrita, também relacionados à produção e revisão
textuais.
Nos Anos Finais, esses objetivos estão presentes no eixo escrita, relacionados
à produção e revisão textuais e, ainda, num quadro próprio,
indicando alguns objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que
visam à introdução dos/das estudantes à reflexão de como a língua
funciona e das regras que a organizam.
No Ensino Médio, esses objetivos estão distribuídos ao longo das Unidades
Curriculares em que se organizam os componentes da etapa,
referidos aos campos de atuação nos quais espera-se que os/estudantes
não apenas façam uso competente da Língua, mas que tenham
uma atitude investigativa e criativa em relação a ela.
A LITERATURA NO COMPONENTE LÍNGUA PORTUGUESA
A literatura se apresenta como um campo de atuação composto por
gêneros narrativos e poéticos que circulam socialmente. As obras literárias
englobam textos do passado e do presente, que ampliam o
universo de referências culturais e as respostas sobre o estar no mundo.
Elas também propiciam o deslocamento necessário para a compreensão
da diversidade sociocultural, aprofundando a percepção da
condição humana vista por outros e diversos ângulos.
As escolhas literárias, para cada ano da escolaridade, pressupõem
um sujeito em formação, seja ele criança, adolescente ou jovem, possuidor
de repertórios literários, e membro de uma coletividade que
compartilha bens culturais com endereçamentos específicos, conforme
a idade.
Embora não se possam determinar cortes objetivos relacionados
a preferências, estilos e temas, a BNCC evidencia, para
cada etapa, um leque de gêneros literários adequados aos leitores
em formação.
Durante toda a Educação Básica, deve-se favorecer a formação literária,
de modo a garantir a continuidade do letramento literário, iniciado
na Educação Infantil. Esse tipo de letramento é entendido como o
processo de apropriação da literatura como linguagem que oferece
uma experiência estética, bem como a ampliação gradativa das referências
culturais compartilhadas nas comunidades de leitores que
se constituem na escola. Pela literatura, constituem-se subjetividades, expressam-se sentimentos, desejos, emoções, de um modo particular,
com uso diversificado de recursos expressivos.
Nesse processo, a formação
de leitores literários envolve reflexão sobre a linguagem, o que
implica o reconhecimento de procedimentos de elaboração textual e
a consciência das escolhas estéticas envolvidas na construção dos
textos.
São objetivos gerais do componente Língua Portuguesa na Educação
Básica:
■ Dominar, progressivamente, a norma padrão, sendo
capaz de produzir análises sobre o funcionamento
da Língua Portuguesa, com atenção para algumas
especificidades do português usado no Brasil e
reconhecendo o papel da norma culta para o uso da
língua oral e escrita.
■ Planejar e realizar intervenções orais em situações
públicas e analisar práticas envolvendo gêneros orais
(conversa, discussão, debate, entrevista, debate regrado,
exposição oral), assim como desenvolver escuta atenta e
crítica em situações variadas.
■ Planejar, produzir, reescrever, revisar, editar e avaliar
textos variados, considerando o contexto de produção e
circulação (finalidades, gêneros, destinatários, espaços
de circulação, suportes) e os aspectos discursivos,
composicionais e linguísticos.
■ Desenvolver estratégias e habilidades de leitura -
antecipar sentidos e ativar conhecimentos prévios
relativos aos textos, elaborar inferências, localizar
informações, estabelecer relações de intertextualidade
e interdiscursividade, apreender sentidos gerais do
texto, identificar assuntos / temas tratados nos textos,
estabelecer relações lógicas entre partes do texto –
que permitam ler, com compreensão, textos de gêneros
variados, sobretudo gêneros literários.
■ Ler e apreciar textos literários de diferentes culturas e
povos, valorizando desde os autores da nossa tradição literária àqueles da cultura popular, bem como a literatura
afro-brasileira, africana e obras de autores indígenas.
■ Compreender que a variação linguística é um fenômeno
que constitui a linguagem, reconhecendo as relações de
poder e as formas de dominação e preconceito que se
fazem na e pela linguagem e refletindo sobre as relações
entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim como
reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível de
formalidade dos textos em suas produções.
■ Apropriar-se, progressivamente, de um vocabulário que
permita ler/escutar e produzir textos orais e escritos,
identificando e utilizando palavras novas, bem como
seus sinônimos; consultando obras de referência para
compreender o significado de palavra desconhecida,
analisando a diferença de sentido entre palavras e
refletindo sobre as escolhas feitas pelo autor para
atender a uma finalidade de texto.
Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para cada ano e a
progressão das habilidades de leitura ao longo da escolarização para
o componente Língua Portuguesa estão organizados a partir da conjugação
dos seguintes aspectos:
1) o desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e oralidade
(identificar, localizar, inferir, comparar, analisar, defender posicionamento,
produzir etc.);
2) o desenvolvimento de atitudes e valores (apreciar, valorizar, reconhecer
a importância);
3) o domínio de conhecimentos sobre gêneros/tipos textuais e seus
determinantes sociais;
4) o domínio de conhecimentos sobre o sistema linguístico, sua estrutura,
seus recursos e as funções desses recursos".
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documentos/bncc-2versao.revista.pdf
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