Hoje ao final da tarde, voltando da universidade (de ônibus) e para variar um pouco uma mega fila.
Acho vantajoso, pois consigo ler durante o trajeto.
Já tinha terminado a leitura do livro Carlos Henrique Schroeder "As fantasias eletivas".
Mas as personagens continuavam em minha cabeça, eu continuava no espaço geográfico do livro: um hotel em Balneário Camboriú.
Contudo, aos poucos comecei a perceber os sons e a paisagem ao meu redor.
De repente, percebi um sotaque muito particular. Lembrei-me, imediatamente de minha infância.
Era um falar típico de alguém de origem alemã e que, provavelmente migrara do Rio Grande do Sul ou do (extremo)oeste de Santa Catarina.
Senti-me muito bem ao ouvir aquele som tão particular. aquelas palavras com sentido único. Aquelas histórias de família que se repetem.
A origem, as agruras, as dificuldades e as superações... Histórias tão minhas... Tão conhecidas...
Narrativas de outros que seleciono para agregá-las às minhas.
A voz do casal me fez recordar de pessoas de minha família.
Pessoas que contavam histórias...
Que fizeram meus dias de infância mais alegres, mais coloridos...
...
Tornando-os inesquecíveis.
Embalada pelo par das vozes dos vovôs sentados no banco a frente e pelo balanço do coletivo a viagem transcorreu mais leve mais solta.
Esqueci da personagem do livro de Schoroeder (que também deve ser de origem alemã) que sofrera tanto.
Agora o mote era minha infância que fora acionada por um par de vozes com sotaque muito característico.
Dialeto que conheci e convivi na infância.
Idioletos familiares das minhas não mais fantasias seletivas, mas sim memórias seletivas.
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