31 de agosto de 2012

Crônicas (801-802) - Olimpíadas de Língua Portuguesa


Malandro Trambiqueiro

     Conheço um cidadão polêmico. Ele é, na verdade, um morador de rua que, além de ser pré-julgado pela sociedade por conta de sua situação, acabou com o status de trambiqueiro.
     O cara até que é bem apessoado, mas sua persistência o torna cansativo.
     Em uma de suas andanças topou com minha mãe. Queria porque queria lhe vender um tapete velho.
     — Se a senhora comprar nunca mais apareço em seu estabelecimento — disse tentando convencer.
     Minha mãe que tem um coração mole deu-lhe uns trocados e ele foi embora todo alegre.
     Nos dias que se seguiram ele voltou. Uma, duas e até três vezes no mesmo dia, sempre querendo vender seus badulaques.
     O que chama atenção são os argumentos que ele apresenta.
     — "Ta" novinho moça, é só dois "pila". 
     — A senhora é a única que me ajuda, por favor, é só três cruzeiros.
     — Se a senhora não comprar, vou ficar sem comida hoje, prometo que eu não lhe incomodo mais, só hoje, Dona, dois reais "ta" bom.
    Minha mãe bem que tenta dispersá-lo, afirma que a "senhora" está no céu e que ela não é caixa eletrônico, mas não adianta, o danado sempre volta e com uma cacalhada pior que a outra.
   Pensando bem, por que ele não toma vergonha na cara e abre uma loja? Talvez falte recursos, mas tenho certeza de que lábia não lhe falta, já que parece que ele é capaz de vender qualquer coisa para qualquer pessoa.
   Ele poderia ser deputado, se agisse de modo correto poderia até transformar nosso país, mas seria arriscado, porque se o malandro se metesse no mensalão levaria a República toda junto.
   Não sei se ele tem objetivos, mas creio que ele é um sonhador. Atrás de algo ele corre, só não sei do que é.

Aluna: Martha Franciny (802)

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