Malandro Trambiqueiro
Conheço um cidadão polêmico. Ele é, na verdade, um morador de rua que, além de ser pré-julgado pela sociedade por conta de sua situação, acabou com o status de trambiqueiro.
O cara até que é bem apessoado, mas sua persistência o torna cansativo.
Em uma de suas andanças topou com minha mãe. Queria porque queria lhe vender um tapete velho.
— Se a senhora comprar nunca mais apareço em seu estabelecimento — disse tentando convencer.
Minha mãe que tem um coração mole deu-lhe uns trocados e ele foi embora todo alegre.
Nos dias que se seguiram ele voltou. Uma, duas e até três vezes no mesmo dia, sempre querendo vender seus badulaques.
O que chama atenção são os argumentos que ele apresenta.
— "Ta" novinho moça, é só dois "pila".
— A senhora é a única que me ajuda, por favor, é só três cruzeiros.
— Se a senhora não comprar, vou ficar sem comida hoje, prometo que eu não lhe incomodo mais, só hoje, Dona, dois reais "ta" bom.
Minha mãe bem que tenta dispersá-lo, afirma que a "senhora" está no céu e que ela não é caixa eletrônico, mas não adianta, o danado sempre volta e com uma cacalhada pior que a outra.
Pensando bem, por que ele não toma vergonha na cara e abre uma loja? Talvez falte recursos, mas tenho certeza de que lábia não lhe falta, já que parece que ele é capaz de vender qualquer coisa para qualquer pessoa.
Ele poderia ser deputado, se agisse de modo correto poderia até transformar nosso país, mas seria arriscado, porque se o malandro se metesse no mensalão levaria a República toda junto.
Não sei se ele tem objetivos, mas creio que ele é um sonhador. Atrás de algo ele corre, só não sei do que é.
Aluna: Martha Franciny (802)
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