18 de fevereiro de 2016

Estagnação do Ensino Médio em Santa Catarina? Por quê?


O Jornal Diário Catarinense apresenta no dia de hoje a seguinte manchete: "Levantamento aponta estagnação no desempenho do ensino médio em Santa Catarina em uma década"
E começa com as seguintes informações: "Apesar de Santa Catarina ocupar a terceira colocação do país em relação à taxa de conclusão do ensino médio até 19 anos, o Estado caminha a passos lentos no quesito e não atingiu a meta estabelecida pelo Todos pela Educação (TPE). É o que aponta o levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo movimento, com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. 
Nos últimos 10 anos, o Estado apresentou um crescimento de apenas 0,6 ponto percentual nesse índice e passou de 62,1%, em 2005, para 62,7% em 2014. É o segundo pior crescimento do país, atrás apenas de Roraima, que caiu 8,6%. A meta estabelecida para o Estado em 2014 era ter 75,4% dos alunos de até 19 anos com o ensino médio concluído." Fonte: Diário Catarinense
Para entender esses dados temos duas situações a ser analisadas. Ambas referem-se à políticas públicas adotadas a esmo.
A primeira refere-se a implantação do ensino de 9 anos. O Estado fez a implantação de forma gradativa. Através do DECRETO No 4.804, de 25 de outubro de 2006 e em seu artigo primeiro destaca:
Art. 1o A implantação do Ensino Fundamental com duração de 9 (nove) anos na rede pública estadual de Santa Catarina dar-se-á, de forma gradativa, a partir do ano de 2007, com ingresso na 1ª série, de crianças a partir dos 6 (seis) anos de idade completos. 
Desta maneira a turma de transição, ou seja, todos os alunos que ainda estavam na grade do ensino de 8 anos era anualmente aprovada através de Decreto. Não havia uma turma intermediária para os que não atingissem a meta e tampouco havia aulas de reforço para tentar minimizar as defasagens acumuladas pelos alunos ao longo dos anos. Havia alunos que ainda não liam na 6a série. Contudo, a situação mudou quando os alunos alcançaram a 8a série. Ao concluírem o Ensino Fundamental II a reprovação foi autorizada. 

"Santa Catarina suspende a polêmica aprovação automática de estudantes

Para evitar as reprovações - que seriam muitas - devido à dificuldade em trabalhar com esses alunos que "sabiam que iriam passar" e também para que esses alunos não perdessem dois anos, pois entrariam no ensino de 9 anos. Em 2013, criou-se o PNOA (Programa de Novas Oportunidades de Aprendizagens) em Língua Portuguesa e Matemática. A proposta era ser um "reforço" com a preocupação em "recuperar" esses alunos. Contudo, a ressalva fica por conta de que está turma participaria no mês de outubro da avaliação feita pelo MEC - a Prova Brasil. Desse modo a "recuperação" nada mais era do que um intensivão para a Prova Brasil.
Ao ao final do ano de 2013 tivemos 24.437 reprovações. Cerca de 12 mil alunos a mais do que a média dos anos anteriores. 




Fonte QEDU
E em 2014, criaram-se novas turmas de 8as séries para atender a essa demanda de reprovados e ainda com as aulas de reforço do PNOA como obrigatoriedade para a aprovação. A ideia do reforço escolar no contra-turno foi boa, contudo ela deveria ser uma política pública constate.
2. O segundo foi a implantação da Correção de fluxo em 2012. Na teoria , um ideia muito boa. Na prática, beirou quase a um desastre.
Na verdade, em muitas escolas os alunos tiveram somente aulas em um período devido à falta de professores. Alunos que estavam na terceira e na quarta série passaram a dividir a sala de aula com alunos que estavam no sexto ou sétimo ano. Foi um desafio inatingível. "Ensinar" o aluno em um ano e prepará-lo para o Ensino Médio. Só sendo Super Herói.
Desse modo, explica-se a estagnação do Ensino Médio em SC. Políticas públicas implantadas às avessas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A importância da leitura

A leitura é extremamente importante para desenvolver diversos aspectos pessoais e sociais. Modelo de Kelly Braga (Canvas)