A maioria dos adultos almeja voltar à infância, à adolescência...
Torna-se um sonho inatingível retornar à fase na qual não havia nenhuma responsabilidade.
Quer dizer, tinha-se responsabilidades, mas não da mesma maneira que é ser responsável por uma família, um lar, uma carreira, uma vida acadêmica e muito mais.
Responsabilidades e rotinas que muitos não suportam.
Procuram no seu dia-a-dia momentos de escapar de tudo isso,
precisam sentir-se livres. E, cada pessoa, ao seu modo, o faz.
Eu, costumo acordar cedo e caminhar, pois é nesse momento que me sinto livre.
Não é egoismo! É um tempo que preciso pra mim. Acredito que cada um a seu modo o tenha.
Aliás, não tinha esse hábito nem sentia necessidade de caminhar.
Mas, hoje em dia o ato de caminhar me renova.
Primeiro porque tenho a necessidade física de fazê-lo e segundo porque tenho a necessidade psíquica de fazê-lo também.
Ver o caminho a ser percorrido, ouvir o murmúrio das ondas, o barulho dos pássaros e o amanhecer (o nascer do sol ou o cair da chuva) é muito significativo.
Por uma hora ou duas me distancio de tudo e ao mesmo tempo consigo racionalizar e ver tudo o que ocorre (ocorreu) a minha volta ou comigo.
Hoje, contudo, pensei também nas solidões e de que como cada um consegue ser livre.
Fiquei a imaginar como cada um consegue libertar-se das amarras das responsabilidades e ser também uma pessoa responsável e equilibrada.
É difícil, mas possível...
E, durante minha caminhada, imaginei muitas situações.
Imaginei que muitas pessoas precisam apelar a "artifícios" como a bebida, o cigarro, medicamentos ou outras drogas para ter a sensação de liberdade.
Ao ver esse pescador, imaginei ser este um momento de solidão e que o tornava livre. Estava distante de tudo e de todos, alheio a qualquer situação que não se referenciasse ao mar. Estava em transe. Desligado da realidade. Quiçá preocupado com o sustento de sua família.
Encontrei pessoas "desligadas da realidade" ouvindo música, outras correndo, outras andando de bicicleta.
A maioria o faziam sozinhas... Completamente livres.
Durante minha caminhada, ao visualizar a ponte. Imaginei em quantas pessoas não conseguem encontrar no mundo real momentos de escapismo e preferem encontrar outra maneira...
Lembrei da moça que "resolveu" os problemas de sua realidade, saltando da ponte. Saltando para o abismo...
É comum ouvirmos "não aguento mais essa vida". Esse discurso revela toda a carga de responsabilidades que as pessoas carregam. E quando falam isso, de alguma forma nos pedem ajuda. Mas muitas vezes só podemos ouvi-las.
Percebemos que muitas conseguem "descarregar" ou "aliviar" seu fardo de maneira saudável, outras nem tanto.
Mas o importante é que cada um de nós consiga vencer as adversidades e perceber que precisamos de momentos só nossos - momentos solitários - para (re)carregar as energias e, mesmo ante todos os entraves postos em nossa vida vivermos em paz...
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