14 de setembro de 2016

A tempestade de poeira que saiu debaixo do tapete - baixo IDEB do Ensino Médio em SC

Nos últimos anos algumas políticas públicas adotadas para a área da Educação em Santa Catarina foram desastrosas.
Por muito tempo consegui-se colocar a poeira embaixo do tapete, mas o IDEB veio como uma tempestade de pó nos olhos dos Gestores Públicos.
Na notícia publicada no Jornal NOTISUL
sob a manchete: "Desempenho baixo no EM provoca mudanças", no subtítulo
"Novo modelo de ensino deve ser implantado a partir de 2017, segundo Secretaria de Educação, para melhorar índices."
aponta que devido ao baixo desempenho mudanças serão efetuadas, contudo não mostra quais as causas desse "baixo desempenho".
Vamos desenhar algumas causas. Saliento aqui que são percepções minhas enquanto professora que vive "no chão de fábrica"
O secretario até apontou sutilmente algumas coisas.

"“Não conseguimos recuperar esses alunos de maneira adequada”, reconheceu o secretário, referindo-se aos estudantes das turmas de correção de fluxo que eram aprovados automaticamente no ensino fundamental em anos anteriores e chegaram ao ensino médio sem condições de acompanhar os estudos."

Contudo provavelmente não tenha percebido que há um processo educativo. Que a criança precisa ter e receber condições adequadas para que a aprendizagem aconteça. É impossível, por exemplo, "recuperar" um aluno em um ano, após 8 anos sendo aprovado continuamente. E, no oitavo ano, penalizá-lo com a reprovação.
Foi o que aconteceu. A turma de transição entre o sistema de ensino de 8 anos e o sistema de ensino de nove anos foi aprovada automaticamente da 1a até a 7a série.
Em todos os cursos, reuniões, nós, professores, falávamos sobre as defasagens apresentadas por um número expressivo de alunos.
Quando esses alunos estavam na 8a série e os professores desesperados comunicando as GEREDs da dificuldade apresentada por esses alunos e do impacto que seria no Ensino Médio a notícia bombástica de que a reprovação poderia acontecer veio à tona. Isso em meados do primeiro semestre.

Santa Catarina suspende a polêmica aprovacao automática de estudantes

"A pasta divulgou que 20% dos estudantes do ensino médio que passaram pela progressão continuada apresentam dificuldades de aprendizado. "

"A partir deste semestre estudantes do ensino fundamental de escolas estaduais de Santa Catarina — que vinham desde 2007 sendo aprovados automaticamente — poderão ser reprovados. A mudança veio com a criação de uma nova portaria, que derrubou a que proibia a retenção de alunos mesmo que tivessem um boletim cheio de notas vermelhas.

Com a mudança, o estudante que não tiver frequência mínima de 75% e tiver médias finais abaixo de 7 será reprovado. Até então, os cerca de 66 mil alunos atingidos pela migração do ensino fundamental de oito para nove anos, que passou a valer em 2007 no Estado, não eram retidos nas séries. Neste ano, estes estudantes estão na 8a série."
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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A notícia da reprovação veio acompanhada do anúncio de um programa para recuperação de estudos - o Programa de Novas Oportunidades de Aprendizagem (PNOA).
Os alunos frequentariam as aulas em um turno e teriam aulas de reforço de Língua Portuguesa e Matemática no contra-turno.
A implementação teve uma série de percalços, tais como: dificuldade de contratação de professores, disponibilidade dos alunos, espaço físico, estrutura da escola etc.

"Para eles, a Secretaria de Estado de Educação criou um programa de recuperação de estudos a partir deste segundo semestre. Nele, aqueles que tiveram nota abaixo de 5 em português e matemática no primeiro trimestre (ou bimestre) terão aulas duas vezes por semana no contraturno com quatro horas de duração cada. São 12,5 mil alunos — 18,9% do total — nessa situação e foram formadas 560 turmas."

Em um primeiro momento o PNOA priorizava aos alunos aprenderem sobre o formato da Prova Brasil. Uma espécie de preparação para a prova.
Logicamente, poucos meses não seriam suficientes para preparar alunos com defasagens severas de aprendizado, com auto estima, desestimulados, etc.
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E, para os professores, uma trabalho hercúleo de tentar minimizar "os estragos".
Não deu certo, pois a meta para o IDEB de 2013  para o Ensino Fundamental series finais era de 4,90 e o efetivado foi de 4,1. E o a reprovação ficou em torno dos 20% - atingindo cerca de 13 mil alunos.
Sem contar aqueles que foram aprovados para minimizar os altos índices de reprovação. Em muitas escolas o índice de reprovação foi muito além dos 20%.
Além dessa situação, ainda tivemos a "Correção de fluxo". Uma reposta do governo do Estado a pressão do Ministério público ante a distorção idade/série de muitos alunos.
Foram criadas duas turmas. Uma para atender os alunos que tinham mais de 14 anos e estavam no ensino fundamental 1 e outra para atender os alunos que estavam no ensino fundamental 2.
Esses alunos foram alocados na turma chamada de "CORREÇÃO DE FLUXO" que era equivalente a 8a serie. Nessas turmas os alunos tinham 10 aulas de Língua Portuguesa, 10 aulas de matemática, 2 de Artes e 3 de Educação Física.
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Como o perfil dos alunos era diferenciado, poucos alunos realmente conseguiram aproveitar o projeto. A principal dificuldade era a falta de maturidade e de comprometimento.
E, com a chegada desses alunos ao Ensino Médio, muitos sem condições de leitura e de cálculos básicos os altos índices de evasão e repetência são facilmente justificáveis.
Some-se a essas situações a implantação do Ensino Médio Inovador em escolas sem estrutura física e humana adequadas para atender essa demanda.
Concordo com a fala do secretário
"Não conseguimos recuperar esses alunos de maneira adequada
E cabe bem a atual situação do Ensino Médio em Santa Catarina.o ditado

"uma tragédia é uma sucessão de erros" 

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