5 de julho de 2000

Entrevista sobre a segunda Guerra Mundial

UNOESC     -       UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CAMPUS DE SÃO MIGUEL DO OESTE        -        SANTA CATARINA

 

 


 

PESQUISA DE CAMPO:

Influências da 2a Guerra Mundial

 

 

ACADÊMICAS: Rosane Hart

                            Silvana Tonello Nós

                            Teresinha Mânica Mützemberg

CURSO: Letras Português / Alemão

PERÍODO: 3O Período

PROFESSORA: Heidi Biehl

 

São Miguel do Oeste (SC), agosto de 1998.


 

INTRODUÇÃO

  

A referida pesquisa de campo tem o intuito de satisfazer dúvidas surgidas com referência a 2a Guerra Mundial, suas verdadeiras razões, se eram ou não conhecidas pelos descendentes de alemães que na época, viviam no Brasil.

Temos o conhecimento que houveram perseguições aos nossos antepassados, até que ponto serão verdadeiras essas informações? E, o que pensam hoje sobre a Guerra, pessoas que viveram esse período?

Primeiro estrevistado: Sr. Emanuel Grimm

Entrevista com o Sr. Emanuel Grimm, nascido na cidade de Santo Cristo, Rio Grande do Sul, no ano de 1928, tendo o terceiro grau em História e Geografia.

A família Grimm, residia no interior do município de Santo Cristo, Rio Grande do Sul, um lugar muito distante da civilização. A família era formada por 11 filhos, 4 moças e 7 rapazes.

No ano de 1939, quando iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, Emanuel tinha 11 anos e conta que naquela região falava-se somente o alemão, inclusive na escola.

Sua família tinha conhecimento da guerra através da assinatura do jornal Correio do Povo, pois não existia rádio. Algumas pessoas do lugarejo, no entanto, achavam que a guerra era no Brasil, ou mesmo que moravam na Alemanha.

A imprensa denegria a imagem dos alemães, comparando-os a animais ferozes e desumanos, fazendo com que os próprios descendentes que residiam naquela comunidade envergonhavam-se de ser alemães. Influência esta, passada pelos judeus que, já naquela época eram os donos da imprensa, como hoje continuam sendo.

Antigamente na igreja aprendiam - os pérfidos judeus, que eram considerados inimigos da humanidade, por serem muito egoístas.

Tiveram conhecimento de pessoas que foram perseguidas, no entanto, comentava-se isso com certo receio, pois podiam haver pessoas escutando embaixo dos porões, correndo o risco de serem presas. O próprio padre de Santo Cristo fora preso, amarrado e encheram sua boca de estopa. Mas não tinham conhecimento por parte de quem estavam sendo presos e perseguidos, se eram pelos americanos, judeus ou mesmo pelo governo brasileiro. Mas isso, não aconteceu especificamente no lugar onde residia por ser mais retirado. Dessa fase em diante, não só na família como na própria comunidade começou-se a incentivar o uso da língua portuguesa.

Segundo ele, no começo da guerra o Brasil estava neutro, mas depois que o navio brasileiro foi bombardeado, pelos americanos e não pelos alemães, para fazerem com que o Brasil tomasse uma posição. E é claro, contrária a Alemanha.

Os alemães foram massacrados e abrigados a fazerem guerra, pois alguns países incitavam-os. Os polacos, principalmente, foram os incentivadores daquela guerra, mas atrás deles existia o interesse de países como Inglaterra, Estados Unidos e até os próprios judeus, que até hoje ainda estão brigando pelo mundo afora.

Ressalta porém, que ao final da guerra os americanos destruíram tudo, arrasaram com a Alemanha, bombardearam o que não precisava, colocaram fogo matando milhares de pessoas.

Em visita recente a Alemanha, percebeu que o país fora totalmente reconstruído, não restando nenhum resquício de guerra.

A Alemanha tem potencialidade para governar um país muito maior, considerou o país um paraíso, um capricho, pois lá não existem favelados, não existe pobreza, nem desemprego, empregam ex-comunistas que vem trabalhar na Alemanha. Lá as estradas são perfeitas, sem nenhum buraquinho e pertencem ao governo, não se vê um fio de luz, é tudo subterrâneo, lá é tudo bonito. O povo alemão, na verdade é  um povo educado e amigo, Claro que existem coisas ruins por lá, mas muito menos que aqui.

O povo alemão é muito lutador, pois mesmo depois de duas guerras conseguiu reerguer-se e tornar-se novamente uma potência mundial.

 

 Segunda entrevistada: Elfriede Ehlert

 Entrevista com a professora Elfriede Ehlert, 67 anos , professora do Goethe Institut nascida na Alemanha.

Sua família, de origem alemã, moravam em terras russas. Seu pai, por ser filho de camponeses obteve o direito de estudar, formou-se em medicina. Sua mãe era de família mais abastada.

Em 1939, quando começou a guerra, os russos começaram a perseguir os alemães, o que obrigou-os a tentarem voltar para a Alemanha.

Seus dois tios foram recrutados pelo governo russo para participarem da guerra. Seus pais e seus avós, venderam alguns bens para adquirirem cavalos, num total de 6 cavalos, colocaram seus bens em duas carroças e iniciaram sua fuga. Passaram por maus momentos, principalmente por não saberem dos cuidados necessários com cavalos, terminando a viagem somente com 3 cavalos.

Conseguiram atravessar a fronteira e chegar até a Polônia, onde hospedaram-se em um alojamento improvisado. Da Polônia conseguiram fugir em um trem de carga, onde vários se amontoavam nos compartimentos de carga.

Ao chegarem na Alemanha, conseguiram sua nacionalidade de alemães. Conta que sua família não passou fome, esta acontecia mais nas grandes cidades. Por seu pai ser médico, logo arrumou emprego e tinha uma casa de um cômodo para morar, tinha também um irmão pequeno, graças a isso conseguiam leite e alimentos com facilidade. Mas se ajudassem judeus seriam considerados traidores.

A guerra já tinha tomado proporções alarmantes, por isso necessitavam de médicos nos campos de batalhas, então mandaram seu pai para a Tchecoslováquia, onde serviu 11 meses. Enquanto isso, os alemães começavam a recuar para a Baviera.

Com a derrota dos alemães e a supremacia dos americanos, seu pai tornou-se um prisioneiro de guerra, ficou preso 2 anos pelos americanos. E , seus dois tios morreram na guerra.

Por medo de uma nova guerra sua família foi morar no Paraguai, onde receberam uma indenização pós-guerra, do governo alemão, o que facilitou muito a vida de sua família. E, aos 18 anos veio para o Brasil.

“A guerra fortificou-me, hoje sinto-me realmente nacionalizada, pois quando morava na Rússia era alemã e, quando estava na Alemanha era russa”.

 

CONCLUSÃO

 

 Hoje, passados 59 anos do início da guerra, ainda há pessoas que trazem as marcas daquele período negro. Indiferente, se viveram lá, ou sentiram as conseqüências aqui no Brasil, os entrevistados demonstraram, talvez não em palavras, mas em gestos que foi uma experiência muito dolorosa, que deixou marcas profundas.

Os ideais e as causas que deram início a esse confronto internacional e, que até hoje, não são explicadas com clareza não conseguem justificar as dificuldades que passaram  tão pouco o número de mortos, tanto de vencedores quanto de vencidos.

Mas a grande verdade é que o povo alemão, retirou forças de onde não tinha para reconstruir sua nação. Força inigualável que, apesar das dificuldades ainda possibilita ajudar até, quem um dia ajudou a destruí-los.


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