Vale conhecer a história da Editora Mulheres:
"Quando me aposentei tinha oito orientandas de mestrado e um projeto de resgate
de escritoras do século XIX, com apoio do CNPq. Continuei, por isso, muito ligada à Pósgraduação
na Universidade Federal de Santa Catarina. No início da pesquisa, era voz
corrente de que aquelas mulheres do século XIX nada tinham escrito, e, por conseguinte,
menos ainda publicado enquanto viveram. Logo ficou claro, porém, que, na verdade,
não só escreveram e publicaram uma grande quantidade de textos, mas, bem mais que
isso, que esses textos constituíam um legado de boa qualidade literária e de valor histórico
inquestionável. Tudo ficou ainda mais evidente, quando descobri que de nada adiantaria
apenas revelar os nomes dessas escritoras, os pormenores de suas vidas, relacionar o
que escreveram. Era fundamental republicá-las hoje. E, a partir dos primeiros resultados
do projeto é que surgiu, de repente, a idéia de criar uma editora, cuja finalidade seria
realizar um projeto de resgate, isto é, reeditar os livros das escritoras do passado, fossem
elas brasileiras ou não. E, ao lado da linha mestra, editar ensaios sobre gênero.
Foi, então, que duas outras professoras igualmente aposentadas da UFSC, Elvira
Sponholz e Susana Funck, que partilhavam idênticos interesses de pesquisa e editoriais,
uniram-se a mim, com o propósito de fundar uma casa editora, a que chamaríamos
Editora Mulheres. Desta forma, em 1995, nasceu a Editora Mulheres, mas que só começou
a funcionar, de verdade, quando foi preparado, editado e lançado o primeiro livro, o que
ocorreu em outubro de 1996. Tratava-se de um projeto muito bem definido e a editora já
nascera diretamente vinculada a uma linha de investigação estabelecida, Literatura e
Mulher, decorrente de nossa afiliação a um grupo de pesquisa da ANPOLL (Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Lingüística). Permanecemos juntas
por algum tempo, mas, mais tarde, o grupo se dissolveu por razões várias e pessoais. No
entanto, continuamos ligadas até hoje por laços de amizade.
Qualquer um que ponha seu empenho na história literária das mulheres brasileiras
no século XIX começa por enfrentar problemas. O primeiro é a quase inexistência de reedições,
sempre raras porque vendem muito pouco ou porque os textos de mulheres se
perdem e desaparecem ao longo dos anos. Cabe a nossa editora, então, realizar a
tarefa de recuperar essas obras dispersas, de ressuscitar tais “velharias”..."
ZAHIDÉ LUPINACCI MUZART
Fonte: LUPINACCI MUZART, ZAHIDÉ
HISTÓRIAS DA EDITORA MULHERES
Revista Estudos Feministas, vol. 12, septiembre-diciembre, 2004, pp. 103-105
Universidade Federal de Santa Catarina
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=38114353011
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